quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Palavra

O nome desta pintura de Almeida Júnior é Moça lendo carta. Acho-a linda. Palavra...é o que nos une e sempre nos uniu, a palavra presente nas intermináveis conversas na esquina depois das aulas, os manuscritos nos cadernos para as horas de ausência, as cartas lamuriosas nos anos de distanciamento forçado. Os livros à quatro mãos!
 Pronto, a Palavra em harmonia é o mote de nossa amizade.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A dança da vida

Assistindo a um destes programas de televisão em que se discutem relacionamentos, ouvi impressionada a um dos entrevistados fazer o que eu diria ser a mais perfeita análise dos relacionamentos humanos.
Ele dizia que as relações, sejam de amor ou amizade, são como uma dança e uma contradança. Você precisa sentir os movimentos da outra pessoa para coordenar os seus próprios passos.
Nunca me esqueci deste comentário, principalmente porque nunca foi fácil me conduzir numa dança, pois se quero sempre conduzir!
Achei genial, sinceramente não sei se alguém já fez esta comparação antes. Mas pensei: quantos pisões e trapalhadas não poderíamos evitar em nossos relacionamentos se apenas aprendêssemos a observar, sentir as intenções do outro. Definitivamente, o egoísmo não combina com relacionamentos felizes.
Na dança da vida, alguns jamais acertam o passo em suas relações. Tão envolvidos estão em seus interesses individuais que não têm tempo para prestar atenção aos movimentos de seu par e seguem dançando junto, mas como se estivessem sozinhos.
Outros, preocupados em não tropeçar jamais ou machucar o outro, sequer saem do lugar ou não esboçam nenhuma intenção. Interpretam a coreografia do medo.
E há os que querem dançar a qualquer custo, porém sem nenhuma criatividade. Executam seus passos exatamente como manda o manual. São os legalistas, os que jamais aprofundam uma relação, não se conhecem e não deixam que o outro se faça conhecer, o que importa é o método,
Creio que a dança da vida exija uma altíssima dose de paciência e naturalidade. Em nossa caminhada, a vida nos oferece situações e pessoas que nos ajudam a desenvolver esta virtude tão pouco cultivada. O mundo tem pressa... Ou seriam as pessoas? O certo é que a paciência confere clareza e maturidade para realizarmos os passos da dança da vida sem medo e livres de egoísmos.
Jamais deixarei de me encantar com a dança dos corpos celestes, com a dança das flores na primavera e das folhas no outono e, por que não dizer das escassas flores do inverno e da pequenina semente alada em seu rodopio no infinito.
Sempre invejarei a dança invisível “ou quase” das moléculas dentro e fora de nós e me comoverei com a harmoniosa dança de almas que se compreendem pelo olhar. São as pessoas que acreditam que o universo não é delas e elas sim, parte do universo.
Confiam no relógio da vida, em sua dinâmica tão profundamente absurda por sua precisão, e, desta maneira fazem de sua própria vida uma experiência gratificante, rica e criativa.  São as mesmas pessoas que estendem sua mão em direção ao outro  para ajudar, pois a bondade brota de seu ser com a mesma naturalidade com que a árvore oferece seus frutos à terra. Elas acreditam ser o amor, em todas as suas manifestações, a coisa mais emocionante da vida, razão máxima desta dança divina que é a vida.

(Elisangela dos Santos Meira, em 21 de março de 2.008)